“O turnaround é o processo que envolve um conjunto de fatores, que devem ser planejados e executados para lhe dar um novo impulso na vida. É a quebra de seus paradigmas, o rompimento com pensamentos e crenças que mantêm você preso a situações que não o satisfazem.” – Edgar Ueda
Eis que em 2022 a Crisálida completa 15 anos! Por aqui já passei por tanta coisa, que seria muito complexo resumir em poucas palavras o aprendizado de ter fundado uma empresa aos 17 anos, sem nenhuma base, e agora aos 32 anos, me ver em um ponto de repensar toda a empresa e pensar se isso faz sentido para mim.
Eu acredito que o ser humano está em constante mudança. Nossa versão de uma semana atrás já não é a mesma de hoje. Claro que a essência se mantém, mas de acordo com o cenário, penso que a adaptabilidade é fundamental. E isso foi um dos ingredientes presentes na Crisálida, em toda essa jornada. Adaptação ao que o mercado exigia, ao que era tendência, e muitas vezes também fui contra os modismos do momento e “bati o pé” naquilo que acreditava.
A experiência adquirida com cada cliente que passou por aqui, certamente foi incrível – e ainda é. Muito do que “fazer”, muito do que “não fazer”, aquela decisão de “vou abrir uma exceção”, e hoje, olhando para toda a jornada, muita gratidão a cada aprendizado. Mas, não é só de aprendizado que se vive uma empresa – quem dera se isso fosse moeda de troca para pagar as contas né?!
E é toda essa análise, do que já fiz, de quem já fez parte da Crisálida, de clientes que vão e vem, da parte financeira e também da parte mental, que me fez entrar em modo turnaround.
“Fazer um turnaround na sua vida significa que a sua rota deverá ser trocada, suas regras habituais deverão ser quebradas, suas crenças serão abandonadas e substituídas por outras de acordo com o sucesso que você deseja alcançar.” – Edgar Ueda
Cheguei numa fase em que muita coisa não faz mais sentido: estar conectada toda hora, trabalhar 14 horas por dia, correr como uma maluca para fazer uma alteração urgente, tomar calote…enfim, ser um “ratinho na roda”. Sinto, no fundo do meu coração que toda a expertise acumulada, tanto em projetos, quanto em experiência de planejamentos tem um valor maior do que aquilo que se pode precificar. Claro, um serviço / produto tem que ter um preço, mas com a jornada da vida, estou aprendendo – talvez tarde demais – que nem tudo tem um preço.
Muito antes da pandemia, eu já tinha tido o Burnout, e no final de 2021 tive mais uma vez. Foi aí que decidi realmente parar e escutar meu corpo e minha mente também. O corpo estava com uma fadiga extrema, com cisto no pulso, dor nas costas, falta de flexibilidade, sobrepeso, olhos cansados. Já a mente, nossa! A mente tagarela não me deixava parar, a crítica a mim mesma de não render tanto quanto antes, a cobrança exagerada de poder fazer melhor, as alterações de humor e picos de querer sumir do mundo eram tão frequentes que para mim, eu já não era importante para ninguém.
Aí entra outra questão: o quanto os profissionais são substituíveis – ou o quanto eles têm que ralar para marcarem presença. Ser bom, para o mercado, já não basta. Você tem que ser o melhor. Mas não, não é somente o melhor em uma coisa. Você tem que ser excelente em 20 itens diferentes e ainda ser o mais top de todos e não cobrar os “olhos da cara”.
Esse ano, resolvi me candidatar para algumas vagas de emprego, e achei bem interessante eu não ser aceita em nenhuma. De todas que recebi um email automático, uma me chamou a atenção: “Recebemos um grande volume de inscrições para esta função e optamos por avançar com outros candidatos que correspondam mais ao histórico e à experiência que estamos procurando.” Esse feedback, me fez pensar muito sobre minhas qualidades e o primeiro pensamento sabotador foi: “Não sou boa o bastante!”
E aí, realmente veio o sentimento de querer parar tudo! E na minha cabeça, estava decidido: encerrar a Crisálida.
(continua em breve)